ARTE MAÇÔNICA - MESTRES

ARTE MAÇÔNICA - MESTRES
MESTRES DA ARTE, ARQUITETUTA, ENGENHARIA, E OUTRAS CIÊNCIAS,

AS ORIGENS DA MAÇONARIA

História Sobre os Primórdios da Maçonaria PDF Imprimir
Irmão Raimundo Rodrigues
Como estudioso da filosofia, sabemos, de há muito, que Vico é o pai da "Filosofia da História", estereotipando-a com princípios de uma ciência nova.
Sabemos mais que a "Filosofia da História" é, ainda agora, dominada por conceitos metafísicos, que dificultam a compreensão dos leigos no assunto.
Vejam bem: falamos em conceitos metafísicos e, não, em "Conceitos Invencionistas". O verdadeiro historiador não inventa nada!
Aliás, a "Filosofia da História" surge já no século XVIII, quando se chegou à conclusão de que, do conjunto dos fatos históricos, se poderia tirar uma lei geral do desenvolvimento da humanidade. Daí por que, pensamos nós, os historiadores maçônicos podem mesclar seus trabalhos com considerações gerais acerca da marcha evolutiva dos acontecimentos maçônicos.
Isto, porém, não significa que alguém tenha o direito de sair por aí "fabricando" uma história que lhe saia da imaginação, buscando dar-lhe contornos de História verdadeira.
De nossa parte, fazemos questão de gritar aos quatro ventos que não somos e nem temos pretensões de chegar a ser historiador. Somos, isto sim, aquele pesquisador que se interessa pela verdade histórica.
Se a História não aceita invencionices, a filosofia não admite mentiras. Desculpem-nos a força do termo.
O certo é que se dizemos que a Maçonaria nasceu com os Essênios, ou com os Templários, ou com os Collegia Fabrorum, estaremos afirmando algo que não podemos provar, logo, podemos estar difundindo alguma coisa que seja pura invencionice.
Se a História e a "Filosofia da História" não admitem inverdades, o que dizer, então, da Maçonaria?
O que desejamos deixar bem claro é que só podemos falar em Maçonaria Antiga, quando pudermos escudar-nos em documentos fidedignos.
O mais antigo documento que se conhece da chamada Maçonaria Antiga, ou Operativa, ou de Ofício é o Poema Régio, que é de 1390, portanto, século XIV. Tudo o que se disser anterior a essa data não passa de pressuposição.
É mister nos acautelemos com as invencionices de quem não teve ou não tem coragem de investigar, de buscar a verdade através de documentos que mereçam fé. Há muita gente que vai atrás do ouvi dizer.
A verdade é que ainda há escritores Maçons que propagam que a "origem da Maçonaria" se perde nas "névoas da Antigüidade".
Nenhum pesquisador honesto embarca na canoa furada daqueles que teimam em afirmar que a Sublime Instituição existe há milhares de anos. Só os "inocentes" podem acreditar na absurda afirmação de Anderson, no seu primeiro livro das "Constituições", de que – Adão – nosso primeiro pai, criado à imagem e semelhança de Deus, devia ter possuído as ciências liberais, principalmente a geometria, escritas em seu coração. Baseado nisto, ainda hoje, há quem ensine que a Maçonaria tem seu início no Paraíso terrestre.
Jean Palou reconhece que as origens da Maçonaria estão muito longe de serem claras e não poderia ser de outra forma, e acrescenta: "Anderson faz remontar a Franco-Maçonaria a Adão, sem dúvida por não poder ir mais longe e por lhe faltar a ousadia de atribuí-la ao próprio Jeová".
É evidente que a falta de documentos e registros dignos de crédito, envolve a Maçonaria numa penumbra histórica, o que faz com que os fantasistas, talvez pensando em engrandecê-la, inventem as histórias, sem pé nem cabeça, sobre os primórdios de sua existência.
Há aqueles que ensinam que ela teve início na Mesopotâmia, outros confundem os movimentos religiosos do Egito e dos Caldeus como sendo trabalhos maçônicos. Há escritores que afirmam ser o Templo de Salomão o berço da Maçonaria.
O que existe de verdade é que a Maçonaria adota princípios e conteúdos filosóficos milenares, que foram adotados por instituições como as "Guildas" (na Inglaterra), Compagnonnage (na França), Steinmetzen (na Alemanha). O que a Maçonaria fez foi adotar todos aqueles sadios princípios que eram abraçados por instituições que existiram muito antes da formação de núcleos de trabalho que passaram à história como o nome de Maçonaria Operativa ou de Ofício.
O Irm:. Darley Worm, em excelente trabalho intitulado "Nuvens Preocupantes nos Horizontes da Maçonaria", assinala com muita propriedade que "Para obtermos a idade da Maçonaria, temos de distinguir a Instituição, dos seus conteúdos, estes sim, milenares, conforme alguns autores; eternos, segundo outros... Os conteúdos que a Maçonaria assumiu, já eram milenares quando Salomão nasceu na casa de Davi e é puro delírio febril alguns historiadores falarem em Maçonaria Arcaica, Antiga ou Arqueológica. Os conteúdos com que lidamos hoje, já eram veneráveis para as Escolas de Mistérios (Elêusis, etc.), para os teosofistas, para os rosacruzes, para os gnósticos, para os alquimistas, para os Collegia Fabrorum; ainda que tenham um grande número de pontos em comum mas... nem Pitágoras, nem Jesus, nem Platão, etc., eram Maçons, pela simples razão de que a Maçonaria (como Instituição) nem havia sido criada".
De algum tempo para cá, após a criação da Loja de Pesquisas Maçônicas "Brasil", de Londrina, têm surgido historiadores e pesquisadores Maçons que se têm dedicado, de corpo e alma, como lá se diz, à busca de documentos primários ou secundários que possam trazer luzes aos mistérios que envolvem a Maçonaria primitiva.
Frederico Guilherme Costa, historiador maçônico de primeira água, no seu livro "Maçonaria na Universidade-2", diz que "O conjunto de organizações de Ofício, principalmente medievais, são conhecidas com o nome de Maçonaria Operativa ou de Ofício. Sempre existiram, no passado remoto, associações de operários ligados à arte de construir, mas não eram organizadas na forma das futuras corporações com sentido corporativista. Alguns autores sustentam o ponto de vista de que a primeira associação organizada por rígidos estatutos, foi as dos Collegia Fabrorum romanas criadas no séc. VI a. C.. Na antiga Roma os colégios representam corporações profissionais tidas como fundadas por Numa Pompílio. Apesar de alguma semelhança dos costumes dos colégios com a futura Maçonaria do período operativo, nada nos autoriza a identificação destes colégios com a futura Ordem Maçônica, sequer como paradigma".
Frederico Guilherme Costa, depois de muita pesquisa, chega à conclusão honesta de que sequer se pode tomar os Collegia Fabrorum como modelo, quando se pensa em Maçonaria Operativa.
Já outros escritores, não historiadores, afirmam doutoralmente que os Collegia Fabrorum são a base onde repousa a Maçonaria Operativa.
É certo que os historiadores e os pesquisadores conscientes se baseiam, acima de tudo, nas Old Charges.
As mais citadas pelos bons autores são:
* Manuscrito de Halliwell ou Regius, séc. XIV
* Manuscrito de Cooke, séc. XV
* Manuscrito de William Watson, séc. XV
* Manuscrito de Tew, séc. XVI
Sabe-se que existem, na Grã-Bretanha, cerca de 87 manuscritos de Old Charges.
Seria, realmente, o Poema Régio, também chamado de Manuscrito de Hallliwell o mais antigo documento da Maçonaria de Ofício?
Os melhores autores, a aqueles em quem podemos confiar, dizem que sim. Citaremos apenas dois, para não nos alongar em demasia.
Le document authentique le plus ancien date, lui, des annés 1390-1400; c’est le fameux Peème Maçonnique connu également sous les noms de Manuscrit Regius (Royal) ou Manuscrit Halliwell, (du nom de son prémier éditeur)... (Serge Hutin, in "Les Francs Maçons", Collections Le Temps qui Court – Éditions du Seuil – Paris, p. 53). *
O mais antigo texto é o Regius, manuscrito real, como seu nome o indica conservado no Museu Britânico de Londres... o Regius dataria dos anos 1388-1445 (Jean Palou, "A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática", Ed. Pensamento, tradução do francês, edição de 1964, São Paulo, p. 33).
Pode-se supor que as Confrarias Alemãs de Construtores, cujas mais antigas eram a de Magdebourg, criada em 1211 e a de Colônia, criada por volta de 1250, fossem organizações maçônicas. Vejam que dissemos ...pode-se supor.
É certo que a maior dificuldade que se põe diante do pesquisador honesto é a falta de documentos primários que lhe atestem a existência, em determinada época, da instituição pesquisada.
Muitos documentos primários se perderam na poeira inexorável do tempo. Muita coisa deixou de ser escrita porque era preciso estabelecer a lei do silêncio, como um meio de autodefesa das confrarias.
Quais seriam os segredos do Maçom operativo?
Cremos que eram segredos exclusivamente profissionais, guardados com rigor, sobre a arte de construir. É bem de ver-se que, na Idade Média, só se conhece um tratado de arquitetura, totalmente incompreensível aos que não fossem grandes conhecedores do assunto.
Finalmente, para que se entenda a razão por que muitos documentos desapareceram, vamos transcrever, numa tradução nossa, o que diz Serge Hutin, no seu "Les Francs-Maçons", pág. 53:
A raridade de documentos maçons, anteriores à Maçonaria especulativa, explica-se, sem dúvida, pelo auto-de-fé realizado em 24 de junho de 1719, pelo pastor Desaguliers, então o Grão-Mestre da Grande Loja da Inglaterra. Este pastor protestante resolveu destruir todos os documentos que, a seu ver, estivessem impregnados de "papismo" e, assim, dissimular as alterações que ele já havia feito nas regras fundamentais da Maçonaria.
E quantos e quantos documentos antigos não teriam sido destruídos pela ignorância ou pela má fé?
Precatemo-nos, todos os que amamos a verdade histórica, com as afirmações e ensinamentos que não se estruturem em documentos que mereçam fé.
Não nos esqueçamos, jornalistas, articulistas, escritores, historiadores que verba volant sed scripta manent.
* O documento autêntico mais antigo data dos anos de 1390-1400; é o famoso poema maçônico conhecido igualmente sob os nomes de Manuscrito Regius (Real) ou Manuscrito Halliwell, (nome de seu primeiro editor)...
BIBLIOGRAFIA
1. COSTA, Frederico Guilherme. "Maçonaria na Universidade-2". Londrina: "A TROLHA", 1996.
2 HUTIN, Serge. "Les Francs-Maçons". Paris: Éditions du Seuil, 1976.
3 PALOU, Jean. "A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática". trad. do Francês. São Paulo: Pensamento, s/d.
4 PETERS, Ambrósio. "O Manuscrito Régio e o Livro das Constituições". Londrina: "A TROLHA", 1997.
5 VAROLI FILHO, Theobaldo. "Curso de Maçonaria Simbólica". 1º Tomo (Aprendiz). São Paulo: "A Gazeta Maçônica", 1976.






   

AS ORIGENS DA MAÇONARIA
I - INTRODUÇÃO

Venerável Mestre da Loja “Universitária-Verdade e Evolução” nº.3492 do Rito Moderno (2005-2007)
ex-Venerável da Loja Miguel Archanjo Tolosa nº.2131 do R.E.A.A.(1991-1993)
ex-Grande Secretário Geral de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil (1993-2001)
Presidente do Conselho Editorial do Jornal Egrégora - Órgão Oficial de Divulgação do Grande Oriente do Distrito Federal.
pelo Ven.Irmão Lucas Francisco GALDEANO


 
A História da Maçonaria penetra nos mais ínfimos recônditos da História da Humanidade e, as vezes, confunde-se com acontecimentos que nada tem a ver com ela, principalmente quando se trata de buscar suas origens.
O estudo é de tamanha complexidade que não só maçons, estudiosos da Arte Real, mas também duros adversários têm manifestado a dificuldade de encontrar o intransponível caminho que leva ao seu início, à sua origem.
 
 
II - DESENVOLVIMENTO
 
“Escrever uma história da Maçonaria é uma obra tremenda, por ser o estudo de sua história confuso, difícil e fastidioso, tudo ajudando para o seu obscurecimento: a ausência de documentos, a discórdia quanto às suas origens e a paixão dos seus fiéis como a de seus detratores”.
 
Eis um depoimento do ferrenho, incansável inimigo da Maçonaria J. Marques Riviere - Transcrito da obra História da Maçonaria, de Nicola Aslan - que demonstra a dificuldade de se entendê-la. São muitas as fábulas e lendas que trazem esta enorme confusão.
Infelizmente, foram muitos os historiadores maçônicos que, baseados nessas narrativas lendárias, criaram maior confusão entre os maçons. As antigas constituições e os rituais serviram para os falsos-historiadores desfigurarem a história da Maçonaria, eivando-a de inverdades.
Há de se notar que uma das causas indutoras dos desacertos históricos foi a má interpretação da Constituição de Anderson, pois nela, não obstante se encontre a base dos "Landmarks", foi que se criou a maior confusão.
Anderson e Dasaguiliers, ao serem encarregados de redigir uma constituição, tendo em vista sua formação religiosa e oficio, de imediato buscaram nas Antigas Obrigações (Old Charges) e, principalmente, na Bíblia os principais elementos para redigi-la. Dando asas a sua imaginação, consideram maçons todos os homens importantes que a Bíblia menciona.
Esta confusão pode ser atribuída, também, a Oliver, que, como Anderson, era Pastor e estudioso da Arte Real. Em sua obra The Antiquities of Freemasonry, citada no livro História da Maçonaria, de Nicola Aslan, (pag, 2) diz­;
 
As antigas tradições maçônicas dizem, e penso que elas têm razão, que  nossa ciência existia já antes da criação de nosso globo, e estava espalhada entre os sistemas mais variados do espaço.
 A Instituição Maçônica era Coeva da criação do mundo, tal a semelhança de seus princípios com os da primitiva constituição que vigorava no Paraíso.
 
Sobre essas trapalhadas, respeitada a época em que foi escrita a obra, os confiáveis historiadores maçônicos atuais têm "frouxos de risos", pois a fertilidade da mente de tão digno homem compromete a seriedade da análise.
Nicola Aslan e Adelino de Figueredo Lima sobre tamanha façanha, dizem que é deliciosa a opinião de Oliver, com tão disparatada patranha e fantasia e leva-os ao desprezo por sua obra.
Em outro livro publicado em Liege, em 1773, sob o nome de Enoch e com o título de "Le vrai Franc-Maçon" afirma-se candidamente que Deus e o Arcanjo São Miguel foram os primeiros Grão-Mestres da Primeira Loja de Maçons estabelecida pelos filhos de Seth, depois do fratricídio de Cairo.
A afirmação seria por demais forte e atrevida, não há dúvida nenhuma, se não fosse o-Ir: Valguime, na introdução que fez na obra de Ragon 'De La Maçonnerie Occulte et de L'Initiation Hermetique', dizer-nos que devemos compreender essa declaração de maneira simbólica, porque astrologicamente Deus e São Miguel são ambos os símbolos do sol - Trecho extraído da História da Maçonaria, do já citado Ir: Aslan.
São afirmações dessa natureza que levaram os maçons da época a crer em histórias tão fantásticas. Deviam prever os mencionados autores que muitos maçons, pelo seu pequeno conhecimento da história e pouca cultura, acolheriam ao "pé da letra" esses erros históricos como a verdadeira origem da Maçonaria.
Repetindo J. Marques - Riviere, já mencionado anteriormente, nas suas teorias sobre as origens da Maçonaria no livro publicado em 1941, Histoire de La Franc-Maçonniere Francaise:
 
Os autores do século XVIII tem contribuído a tomar obscuras, longínquas e inacessíveis a origem da Maçonaria isto compreende-se  pertencendo a uma ordem desacreditada e exposta às zombarias dos "profanos", esses autores maçons procuravam obter as cartas de nobreza que impusessem aos incrédulos, e a antigüidade, mãe do respeito, com que aureolavam a Maçonaria ainda bem nova historicamente, refletia-se sobre eles .
É lamentável que tanta confusão tenha se criado em torno de tão importante acontecimento. A liberdade, um dos preceitos básicos da Maçonaria, é que possibilitou o surgimento de tantas divagações sobre a origem, em cuja busca, de acordo com sua formação cultural ou profissional, os historiadores e pseudo-historiadores deram vazão a sua criatividade. Disso resultou que até hoje ainda se pergunta: Qual a origem verdadeira da Maçonaria?
O Padre Maurice Colinom sintetiza as diversas teorias formuladas sobre a origem da Maçonaria, assim escrevendo:
Os maçons, desde séculos, esforçam-se por descobrirem seus antepassados dos quais pudessem ter orgulho. Encheríamos uma vasta biblioteca se reuníssemos somente as obras que pretendem demonstrar a filiação legítima da Maçonaria com os Rosacruzes, o Hermeticismo, o Cabalismo, Alquimia, as Sociedades Iniciáticas Egípcias, Gregas, Judias, a Triade Secreta da Antiga China, os Colegia Fabrorum Romanos, a Cavalaria das Cruzadas ou a Ordem destruída dos Templários (...)
Uma tal abundância de antepassados dá vertigem... É justo reconhecer que estas imaginações delirantes fazem sorrir os maçons de hoje.
Tantas são as controvérsias, que surgiram variadas correntes dentro da Maçonaria. Há as que buscam nas primeiras civilizações a origem iniciática. Outras buscam no ocultismo, na magia e nas crendices primitivas a origem do sistema filosófico e doutrinário.
Estas correntes chamadas de “Corrente-mística” e “Corrente autêntica”, segundo o Ir.·.Theobaldo Varoli, são apenas tendências e não escolas. Este mesmo autor, no livro "Curso de Maçonaria Simbólica", escreve: A verdade final é que a Maçonaria é o resultado de civilização mais avançada e não um credo que nasceu entre antropólogos ou do bolor dos sarcófagos e suas respectivas múmias. A corrente mística não se confunde com a dos mistificadores, que não faltam nas lojas maçônicas mesmo neste século de energia atômica e viagens espaciais. Os mistificadores, entre os quais estavam os próprios fundadores da Grande Loja, em Londres, inclusive o próprio Anderson, podiam encontrar adeptos em maior quantidade, até o século XIX época de menor divulgação da cultura e da investigação histórica.
Os maçons místicos de hoje, como idealistas ou espiritualistas, aceitam as lendas do passado como inspiração filosófica e simbólica e como manifestações pretéritas da humanidade em evolução. Assim é, por exemplo, o Rito Escocês Antigo e Aceito que revela, em cada grau, uma ou várias reminiscências, chamando-as expressamente de lendas.
   Do outro lado, os “autênticos” não se curvam aos dogmas e combatem incessantemente os místicos pelas diversas derivações introduzidas na Maçonaria. Condenam todas as versões de que a Instituição Maçônica é originária do antigo Egito, da Mesopotâmia, dos Essênios, cujas lendas são atribuídas a antigos escritos maçônicos contidos na Constituição de Anderson.
Nos dias atuais, ambas as correntes convivem sem maiores atropelos, pois a busca da verdadeira Fraternidade Universal é comum. Os místicos baseiam-se nos antigos rituais, por julgá-los íntegros e seguidores da postura dogmática preconizada. Adotam velhos usos e costumes, como a contagem do tempo. Os autênticos vêm ocupando maior espaço no âmbito maçônico, em particular os maçons estudiosos que surgiram no século passado e que hoje tem em seus adeptos uma grande quantidade de intelectuais que se esforçam para desmistificar os charlatões e mistificadores. Da dialética entre os defensores da Instituição e os escritores antimaçônicos surgiu uma terceira corrente, a dos “conciliadores”, a qual definiu a Maçonaria como tendo muito em comum com as antigas organizações, em especial com as ligadas à Arquitetura.
Dentre os maçons mais autênticos, há que destacar Jorge Frederico FindeI, que procurou demonstrar a falsidade das derivações que pretendiam afirmar que a Ordem é antiqüíssima, vinda do mais remoto dos tempos. Contudo, antes deste, Inácio Aurélio Fessler, por volta 1802, fundou, com outros maçons intelectuais, uma academia voltada aos estudos sistematizados e aprofundados sobre a verdadeira origem da Maçonaria. No Brasil, o mais dinâmico e incansável pesquisador, entre os "autênticos" é José Castellani (*1937 +2004), cujas obras têm servido de arrimo aos novos estudiosos e defensores da doutrina e da ação maçônica mais compatível com a atualidade.
Repetimos, novamente, T. Varoli Filho em seu livro Curso de Maçonaria Simbólica (fl.44):
"Seja observado, à luz da psicologia moderna, que um dos maiores males da Maçonaria foi a admissão de pessoas complexadas de inferioridade e necessitadas de agrupamentos onde pudessem encontrar a afirmação pessoal. Tais pessoas comprometem a Ordem, a qual enaltecem para apenas enaltecerem a si mesmos."
Queiram ou não os saudosistas inoperantes e os renitentes, a Maçonaria tem alcançado o prestígio que possui graças ao concurso de intelectuais do quilate dos mestres Nicola Aslan, Theobaldo Varoli Filho, José Castellani e outros maçons de igual importância. A esse tipo de homens é que se deve creditar a participação da Instituição nos processos de sua transformação e nos processos de transformação política, de independência das nações, da democracia e de justiça social.
A carência de homens de ação e autênticos tem ensejado a dispersão dos maçons, ficando os quadros das lojas mais vazios e devendo à Sociedade profana maior participação na luta contra os tiranos, os corruptos, os déspotas que hoje dominam nossa Pátria.
A origem mais aceita, segundo a maioria dos historiadores, é que a Maçonaria Moderna descende dos antigos construtores de igrejas e catedrais, corporações formadas sob a influência da Igreja na Idade Média, não invalidando, contudo, a tese de que outras agremiações também ajudaram a compor a sua estrutura filosófica e simbólica, tais como: Corporação dos Franc-Maçons; as Guildas; os Carbonários; Corporação dos Steinmetzen, Rosa-cruzes, etc...
 
 
                                                                                          CONCLUSÃO
 
Sabemos que a origem da Maçonaria é um tema que suscita uma série de controvérsias e de posicionamentos discordantes.
Admitimos, contudo, que a Maçonaria, em certo sentido, é preexistente a todos os tempos.
É evidente que tal afirmação exige um esclarecimento.
Ao fazê-la, não estamos admitindo a existência de uma Loja Maçônica nos Jardins do Éden e sendo freqüentada por Adão e alguns Querubins de bons costumes. Tampouco vislumbramos práticas maçônicas nos antigos cultos egípcios, mitríacos, órficos e salomônicos. Tais cultos eram certamente iniciáticos e, em alguns aspectos, lembram a doutrina maçônica. Mas seria incorreto ver neles uma espécie de Maçonaria preexistente, até porque nenhum deles se orientava por aquilo que é a marca registrada da Maçonaria moderna: O Livre Pensamento.
Tais suposições partem de profanos mal informados ou até de maçons imaginosos, pois é fato historicamente comprovado, que a Maçonaria, como instituição organizada, surgiu m 1717 com a criação da Grande Loja de Londres.
Entretanto, concordamos com o Ir.·.Sérgio Luiz Alagemovits quando ele se refere à Maçonaria-Idéia, aquela que extrapola a riqueza dos Rituais, o dourado dos aventais e a pomposidade dos títulos.
Falamos do espírito que move a grande engrenagem da Ordem, falamos da Maçonaria corrente de influxos energéticos que objetiva o aperfeiçoamento da matéria e o desenvolvimento espiritual do Homem.
Falamos da Maçonaria doutrina interna, que não está escrita em parte alguma e é imperceptível aos olhos dos que não sabem ver.
Esta Maçonaria, transcendente e imanente, esta Maçonaria de que falamos, esta, sempre existiu.
Dentro deste enfoque, falar que a Maçonaria não existia antes de 1717, é o mesmo que dizer que os astros orbitavam desordenadamente antes de Laplace, que os fenômenos fisicos e químicos não se processavam antes dos estudos de laboratórios e que as maçãs não caiam das macieiras, antes de Newton.
 
 
Referências Bibliográficas:
 
01- A Bíblia de Jerusalém. Ed. Paulinas 1981;
02 - Jornal “Egrégora” - Órgão Oficial de Divulgação da Loja Maçônica Miguel Archanjo Tolosa n° 2.131 - Número 01 (Jun-Ago 1993) - Artigo do Ir.·.Sérgio Luiz Alegemovits “Enfoque Maçônico do Universo” pág. 04;
03 - Apostila do Seminário de Mestres Maçons 1971 - Palestra do Ir.·. Nicola Aslan – Grande Oriente do Brasil;
04 - Apostila do Seminário de Mestres Maçons - Título II - História - 3 Conferências proferidas pelo Ir.·.Álvaro Palmeira - 1978 Grande Oriente do Brasil;
05 - Repensando Ir.·. Vady Nozar de Mello - Florianópolis - Ed. Papa-­Livro, 1993, págs. 21 a 31;
06 - Cartilha do Aprendiz - Ir: José Castellani - Ed. Maçônica “A Trolha Ltda”- 1ª Edição -1992,   págs. 19 a 25;
07 - Curso de Maçonaria Simbólica - Aprendiz - Ir: Theobaldo Varoli - Ed. Gazeta Maçônica - 1974;
08 - Apostila de História Maçônica do Seminário Geral de Mestres Maçons ­1992 – Grande Oriente do Brasil;

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