ARTE MAÇÔNICA - MESTRES

ARTE MAÇÔNICA - MESTRES
MESTRES DA ARTE, ARQUITETUTA, ENGENHARIA, E OUTRAS CIÊNCIAS,

Gonçalves Ledo - Político e jornalista fluminense...muita história contada por, muitos...


Joaquim Gonçalves Ledo

D-182
Joaquim Gonçalves Ledo
Nascido no Rio de Janeiro em 11/12/1781 foi seguramente, o maior Maçom brasileiro de sua época de atividade e tem sido bastante injustiçado na História do Brasil, já que os historiógrafos, de maneira geral, pouco o citam no movimento emancipador brasileiro.
Homem extraordinariamente modesto, avesso a exibições, trabalhando pela libertação do Brasil com sincero amor e não por ambição de cargos, títulos ou honrarias, Lêdo é uma figura quase impossível de retratar. Além desse seu feitio de caráter, teve o ilustre brasileiro o inaudito desprendimento pessoal de, segundo dizem, incinerar seu arquivo de documentos relativos à Independência, a prova, com certeza, do papel predominante que desempenhara no grande evento nacional. Se até sua própria fotografia foi difícil encontrar, quanto mais qualquer bosquejo que servisse de base para se escrever a brilhante história de sua vida!

Tendo iniciado curso de Medicina(correção, ele cursou bacharelado;.S.L), em Coimbra, não chegou a concluí-lo e, ao retomar ao Brasil, empregou-se como escriturário na contadoria dos Arsenais Reais do Exército. Colocar-se-ia, depois, destemidamente, à frente do movimento emancipador brasileiro, lutando desabridamente pela independência e fazendo, da Maçonaria, o centro incrementador das idéias de liberdade.

A 15 de setembro de 1821, fundaria com o cônego Januário da Cunha Barbosa, o "Revérbero Constitucional Fluminense", jornal que teve a mais extraordinária influência no movimento libertador, pois contribuiu para a formação de uma consciência brasileira, despertando a alma da nacionalidade.
Trabalhou pela reinstalação da Loja "Comércio e Artes", em 1821. Em 1822, a 13 de maio, por obra do grupo de Lêdo, através de proposta de Domingos Alves Branco Muniz Barretto, o Príncipe Regente D. Pedro recebia o título de Defensor Perpétuo do Brasil. Já o "Fico", de 09 de janeiro de 1822, fora obra exclusiva da Maçonaria, através de Clemente Pereira, José Joaquim da Rocha e Lêdo. 
Foi um dos fundadores do Grande Oriente do Brasil, em 1822, ocupando o cargo de 1° Grande Vigilante. 
Foi, também, sob a sua influência que o Grão-Mestrado do Grande Oriente, no final de setembro, foi entregue a D. Pedro. Graças à rivalidade de seu grupo com o de José Bonifácio, foi processado por este, então ministro de Estado, a 30 de outubro de 1822, após o fechamento do Grande Oriente, tendo que fugir, para não ser preso e deportado, como Januário, Clemente e Alves Branco. Com a queda dos Andradas, em julho de 1823, ele voltou ao Brasil, assumindo a cadeira de deputado, para a qual tinha sido eleito em 1822. Viria, ainda, a participar da reinstalação do Grande Oriente (1831/1832). Permaneceu na Câmara até 1834, afastando-se, depois, de tudo, e vindo a falecer a 19 de maio de 1847.
O REPUBLICANO
Há depoimentos no processo contra José Clemente Pereira, Joaquim Gonçalves Ledo, e demais; instaurado a mando de José Bonifácio de Andrada, que revelam aspectos importantes na esfera política e maçônica na época.
Testemunha, Alferes Theodoro Fernandes Gama, depôs: "Que sabe, por ver e tratar muitas vezes com Joaquim Gonçalves Ledo, que ele era um refinado republicano, e tanto assim que muitas vezes em conversação com ele testemunha o ouvia desacreditar o atual ministro de Estado José Bonifácio d'Andrada, dizendo que era um péssimo homem que não sabia estimar o merecimento de quem o tinha e que era melhor que ele não existisse no ministério... e que enquanto se não tomassem as verdadeiras medidas se haviam de sofrer despotismos... "
Disse mais que desse mesmo caráter é o desembargador José Clemente Pereira... Disse mais que é do mesmo partido o Padre Januário ... e o Nóbrega (Luiz Pereira da)... que é inimigo acérrimo da Casa de Bragança; e tanto assim que vomitou contra ela muitas injurias estando na Capitania do Espirito Santo".
Testemunha, capitão-mor José Joaquim da Rocha mais tarde deportado quando o foram também os Andradas, em (1823), natural de Mariana, Minas Gerais "... disse que se fez público e constante nesta Corte que vários indivíduos entre os quais eram chefes o procurador desta Província Joaquim Gonçalves Ledo, o desembargador José Clemente Pereira, o ex-ministro da Guerra Luiz Pereira da Nóbrega de Souza Coutinho, o Padre Januário da Cunha Barbosa, o coronel Manoel dos Santos Portugal, e o padre Antônio João de Lessa tinham tomado o expediente de mudar a forma do atual governo espontaneamente escolhido pelo povo desta Província e doutras muitas que acham coligadas fazendo para esse fim sessões secretas e pondo em execução os meios que adotavam......que ele testemunha leu um requerimento de Joaquim Gonçalves Ledo com a data de 2 de Novembro em que pede se lhe forme processo criminal, e nesse mesmo requerimento não pode ocultar as suas idéias republicanas dizendo que o povo só deseja ser bem governado seja qual for a forma de governo."
Depoimento de Antônio Carlos de Andrada:
"...disse que é verdade ter assistido a um jantar em casa do Padre Januário... que ai se tratara sobre a Constituição própria e organização do Governo do Brasil e que os mencionados Ledo e Padre Januário assentando que a forma monárquica era a precisa nas atuais circunstâncias todavia teoricamente se inclinavam para um governo federal, uma vez que as circunstâncias o permitissem; ao que replicou ele testemunha demonstrando a impossibilidade de toda a casta de governo Republicano no Brasil como pelos princípios gerais teóricos; é certo porém que os mesmos pareceram anuir a isto."
(textos com grafia atualizada)
A carta de 17 de março escrito a D. João VI, pelo brigadeiro Ignácio Luiz Madeira de Mello, comandante das armas da Bahia depois dos acontecimentos de 19 de fevereiro, em que ocorreu o primeiro sangue e se trocaram as primeiras hostilidades entre brasileiros e portugueses, é importante para se avaliar o espírito do povo brasileiro, e acompanhar a evolução das sociedades secretas que lutaram pela independência naquela época.
Citando Ulysses Brandão: “Desde a sua fundação... Gonçalves Ledo conspirava pela Independência com a república, na “Loja Commércio e Artes”; tanto assim que, Theophilo Ottoni no ato de inauguração da estátua eqüestre de D. Pedro I, assegurou que a revolução (de 1817) fora decretada na casa de Ledo, e mais que Ledo, quando essa revolução foi debelada, fechou suas portas e preferiu incinerar os seus arquivos a os ver cair nas mãos do intendente geral.
Joaquim Gonçalves Ledo inteligente, simples, grande prestígio entre seus irmãos, sem ambição, a não ser o ideal de independência de sua Pátria. Considerado a maior figura da Maçonaria brasileira, na época. Nunca desejou ser Grão Mestre, que poderia ser com facilidade. Apenas se reservava o lugar de 1º Vigilante.
Para comprovar o seu prestígio político, no dia 22 de outubro, apesar da oposição insidiosa que lhe fizeram os inimigos, Gonçalves Ledo foi eleito deputado pela província do Rio de Janeiro. Sua humildade e seu patriotismo mais se exterioriza, quando antes no dia 4 de outubro o Imperador o chamou ao Paço para o convidar a aceitar o título de Marquês da Praia Grande. O prestigioso Maçom era alheio a honrarias e não gostou do convite. Sobre o assunto ele escreveu, no dia 16 subseqüente, a seguinte carta a Pedro de Araújo Lima:
"Fui ao Paço no dia 4 deste chamado por um recado escrito pelo Imperador, que me ofereceu o título de "Marquês da Praia Grande ". O Conselheiro José Bonifácio, sabendo que ainda no ano passado era eu republicano e que agora trabalho por uma monarquia constitucional, sem nobreza outra senão a dos sentimentos, certo teve parte neste convite, que reputo ofensivo à minha dignidade. Imediatamente agradeci a S.M. permitisse recusar o título nobiliárquico, dizendo-lhe que não o merecia, e não desejava. Interveio o Conselheiro com estas palavras: "Ora, Sr. Ledo, é um prêmio aos seus serviços no jornal e na Maçonaria, em favor da Independência". Afirmei que não podia aceitar e que o melhor título para mim seria o de brasileiro patriota e homem de bem, contentando-me com a nobreza do coração..."
No dia 30 de outubro José Bonifácio instaurou o processo, contra Leão e seu grupo, impedindo, assim a posse do grande patriota. Mas é necessário dizer que Martim Francisco de Andrada era o suplente de Gonçalves Ledo.
O Cônego Januário da Cunha Barbosa enviou esta carta ao seu amigo: "Ledo escrevo precipitadamente na contingência de ser preso pelos agentes dos Andradas. José Bonifácio nos intrigou com o Imperador, convencendo-o de que somos republicanos e queremos sua morte ou expulsão. Sei pelo Clemente que a ordem da nossa prisão já foi lavrada. Esse homem que se tem revelado um tigre, que não fez a Independência, que até o último instante e que somente a aceitou quando a viu feita, agora procura devorar aqueles que tudo fizeram pela Independência da Pátria, que conseguiram com os maiores sacrifÍcios. O Drumond disse que o déspota faz questão de prender você para enforcá-Io ... "
Ledo era republicano; ele o disse, mas não quis servir de pasto aos abutres e utilizou o que possuía de mais notável, a sua inteligência.
Logo após, José Bonifácio ordenava ao Intendente Geral de Polícia, em oficio reservado: "É de todo necessário que se ponha em segurança o sobredito réu Joaquim Gonçalves Ledo, mesmo que para isso se use violências ou gastos extraordinários ou se contrarie representantes estrangeiros, protetores de republicanos e carbonários, e V.M. fará o impossível, se for preciso, para o apanhar de qualquer forma.
Disso dará conhecimento aos seus auxiliares sendo que gratificará quem o descobrir pagando-se um conto de réis, se for homem livre, ou a carta de alforria, se for escravo."
Este aviso revela o espírito de José Bonifácio que, no dia 4 de novembro mandou confiscar os bens do verdadeiro patriarca da Independência - Joaquim Gonçalves Ledo.
Conceito do historiador Afonso Taunay: "E proclamamos Joaquim Gonçalves Ledo o herói, o maior arquiteto da Independência do Brasil".
Bibiografia
ANNAES DA BIBLlOTHECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO Vol. XllII-IV, existente na Biblioteca Deraldo Campos, no Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Alagoas, especialmente no conteúdo da INTRODUÇÃO, esta de autoria do Irmão Mário Behring, à época (1920/1921), Diretor Geral.
Dalson L. R. De Benedetti - M .'.I.'.
Político e jornalista fluminense

UM NOME QUE NEM 200 ANOS DE PERSEGUIÇÃO CONSEGUIRAM APAGAR...Samantha Lêdo

JOAQUIM GONÇALVES LEDO




Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7.
História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.
 LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica)
Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936)
CAPÍTULO IV (continuação)
OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA
JOAQUIM GONÇALVES LEDO
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 11 de dezembro de faleceu a 19 de maio de 1847, em Macacu.
Era filho de Antonio Gonçalves Ledo e D. Maria dos Reis

BIBLIOGRAFIA

1) O Revérbero Constitucional Fluminense, escrito por dois brasileiros amigos da nação e da pátria (Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa) — Rio, 1821 e 1822 — 2 vols. in 4.° — O 1.° número saiu a 15 de setembro de 1821 e o último é de 8 de outubro de 1822 (n.° 4.463 do Cat. da Exp.).
5) Representação dirigida ao príncipe regente pelos procuradores gerais de várias províncias para convocação de uma assembléia geral de representantes das províncias do Brasil. Rio de Janeiro, 1 fl. in foi. É datada de 3-6-1822 e também assinada por J. M. de Azevedo Coutinho e Lucas J. Obes.
3) Manifesto de S. A. R. o príncipe regente constitucional e defensor perpétuo do Brasil aos povos deste reino. Rio, 1822, 4 págs. de 2 colunas, in foi. (1-8-1822). É atribuído a José Bonifácio, mas Sacramento Blake afirma, com segurança, ser de autoria de Ledo.
Assim começa o manifesto: "Está acabado o tempo de enganar os homens". A edição foi de 4. 000 exemplares avulsos e foi reproduzida em suplemento ao n.° de 6-8-1822, da "Gazeta do Rio".
Houve resposta ao manifesto: na publicaram um opúsculo de 12 págs., in foi. de 2 colunas, sob o título: "Reforço patriótico ao censor lusitano na interessante tarefa que se propôs, de combater os periódicos; Análise do manifesto do príncipe real aos brasileiros", assinado "Voz do Brasil". Em Lisboa publicaram um opúsculo de 52 págs. in 4o., pelo deputado às cortes Antonio Lobo Barbosa Ferreira Teixeira Cirão, sob o título de "Manifesto do príncipe regente". Outros escritos apareceram em resposta ao "Manifesto" escrito por J. G. Ledo.
4) Representação que a S. M. I. dirigiu o procurador da província do Rio de Janeiro, etc. Rio, 2 fls., in foi., 1822.
Deu causa a uma publicação anônima, de 2 fls. in foi., com o título de "A Constituição e o povo do Rio de Janeiro", ofendido no requerimento que dirigiu a S. M. I. Joaquim. Gonçalves Ledo.
5) Parecer da comissão da fazenda da Câmara dos Deputados à Assembléia Geral do Império do Brasil, sobre o relatório do ministro e secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, etc. Rio de Janeiro, 1826, 256 págs. in 4.°. É também subscrito por José de Rezende Costa e outros membros da comissão.
6) O órfão, drama em 3 atos. Sacramento Blake cita esse drama inédito, e declara ignorar onde se encontra o mesmo.
Gonçalves Ledo escreveu vários artigos em prosa e verso, pondo a ridículo a regência de Feijó. Encontram-se na imprensa política da época. Deixou, ainda, memórias sobre a história da independência e fatos do tempo. Escreveu poesias e outros trabalhos, que conservava inéditos e foram por ele queimados, segundo uma carta de 6-3-1847, dirigida a um sobrinho. Motivaram esse ato de aborrecimento os desgostos que o acabrunhavam, após a abdicação de D. Pedro I.

FONTES PARA O ESTUDO CRÍTICO

 Afonso Taunay — Os grandes vultos da Independência do Brasil.
 Assis Cintra — O homem da Independência.
 Basílio de Magalhães — Os jornalistas da Independência (Rev. do Instituto
Hist., tomo 82, pág. 771).
 Lery Santos — Panteão Fluminense, pág. 419.
 Porto Alegre — Elogio (Rev. do Inst. Hist., tomo 11, pág. 169).
 Sacramento Blake — Dic. bibliog. brasileiro, 4.° vol., pág. 144.
Dele se ocupam todos os tratados de História do Brasil, as monografias sobre a independência e muitos livros de caráter geral, sobre o Brasil.

NOTÍCIA BIOGRÁFICA E SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO CRÍTICO

Gonçalves Ledo era dotado de envergadura especial para a lula. Dispunha de coragem indomável. Possuía o espírito combativo dos que se servem da tribuna e da imprensa para defender um ideal. Era um intemerato, de ardoroso entusiasmo nas refregas e nos comícios. Tinha a capacidade dos condutores de homens.
Foi tão impetuosa a ação que ele desenvolveu na propaganda da independência, que alguns autores, entre os quais Assis Cintra, consideram-no o principal fautor do movimento patriótico e liberal.
Sem a função dos excitadores, não teríamos alcançado tão prontamente o resultado da aspiração nacional. Mas José Bonifácio não poderia exercer essa função. A sua atitude devia ser, como foi, serena, prudente e refletida, para conseguir a vitória incruenta, mais de habilidade e diplomacia, do que de audácia e luta.
Não estão, ainda, bem estudadas as figuras primazes dos propagandistas. A biografia de Gonçalves Ledo está por fazer. Não propriamente a história da sua vida, da infância à morte, mas a psicologia do herói, o temperamento do agitador, as circunstâncias de sua ação enérgica e contínua. A mesma necessidade se verifica em relação a Januário da Cunha Barbosa, a Frei Francisco de Jesus Sampaio, a José Joaquim da Rocha, a Luís Pereira da Nóbrega e a outros corifeus e paladinos da causa nacionalista.
Embora tentado a fazê-lo, não posso ocupar-me dessa agradável missão, nem é cabível nesta obra estudo de tal desenvolvimento.
Contento-me em mencionar os dados conhecidos da biografia dos intelectuais que co-participaram no movimento da independência.
Gonçalves Ledo partiu para Coimbra com a idade de 14 anos, para completar os estudos secundários e fazer o curso jurídico. Matriculou-se na universidade e, terminado o curso humanístico, teve de interromper os estudos, quando a morte do pai o surpreendeu e obrigou a regressar à pátria.
Tencionou administrar os negócios da casa paterna, mas sentiu–se seduzido pela continuação da vida intelectual.
Aos 39 anos de idade, em 1820, era empregado na Secretaria do Arsenal de Guerra. Ignora-se o que fez antes.
No ano imediato começou a desenvolver a campanha sistemática e ininterrupta em prol da emancipação política do nosso país. Tanto na tribuna como na imprensa, bateu-se pela autonomia do Brasil.
Gonçalves Ledo era um dos eleitores de paróquia, que se reuniram, antes da partida de D. João VI, a fim de serem escolhidos os eleitores de comarca, encarregados de eleger os deputados às cortes portuguesas.
Já se notava efervescência no Rio de Janeiro, em conseqüência da agitação que se operava na Bahia. Houve, portanto, tumulto na assembléia eleitoral, reunida no edifício da Praça do Comércio, repercutindo o alarido no povo que se aglomerou nas imediações do edifício. Exigia a multidão que fosse provisoriamente adotada a constituição espanhola, antes de ser promulgada a portuguesa, em Lisboa.
O edifício foi cercado por força militar e expulsos os cidadãos que estavam reunidos no recinto. Houve mortos e feridos.
Ledo, que tomara parte ativa no comício, ocultou-se por algumas semanas, a fim de escapar a qualquer perseguição das autoridades portuguesas.
Após a partida da família real para Lisboa, recrudesceu o fermento de desordem e precipitaram-se os planos da independência. Formaram-se os partidos: o dos lusitanos, que pretendia reconduzir o Brasil a colônia: o dos republicanos, o dos absolutistas e o monárquico constitucional, com apoio do príncipe regente. O último contava com a maioria.
Ledo e Cunha Barbosa, filiados ao mesmo partido, fundaram o "Revérbero Constitucional" e desenvolveram campanha ativa, sem desfalecimento.
A 9 de janeiro de 1822 dirigiram ao príncipe a representação popular, pedindo-lhe que ficasse no Brasil.
Por decreto de 16 de fevereiro o príncipe regente convocou os procuradores gerais para se reunirem a 1.° de junho, a fim de assentarem as medidas reclamadas pela situação política do país. Ledo foi um dos eleitos pelo Rio de Janeiro.
Juntamente com J. M. Azeredo Coutinho e Lucas José Obes, também eleitos, Ledo propôs que se dirigisse uma representação ao príncipe, pedindo a convocação de uma assembléia legislativa constituinte.
Proclamada a independência, manifestou forte oposição ao ministério dos Andradas e, para não ser preso e deportado, refugiou-se e embarcou, disfarçado em frade, em um navio que o conduziu para Buenos Aires.
Depois da dissolução da Constituinte e da deportação dos Andradas, voltou Ledo ao Rio de Janeiro e foi eleito por sua província natal deputado à assembléia geral, na l.a e 2.a legislatura. Na Câmara, onde gozava de consideração, proferiu alguns discursos muito apreciados e foi escolhido para membro das mais importantes comissões, como a de fazenda.
Terminado o período de agitação, a sua atitude calma desgostou o partido liberal e Ledo sentiu declinar a sua popularidade, sendo até acremente censurado pela imprensa. Não foi reeleito para a 3." legislatura, mas em 1835 elegeram-no, os patrícios, membro da assembléia provincial do Rio de Janeiro, sendo reeleito nas duas legislaturas seguintes.
Figurou por duas vezes era listas senatoriais, sendo preterido, o que lhe causou profundo desgosto. Farto da vida política e vítima da deslealdade de amigos e correligionários políticos, retirou-se para a sua fazenda do Sumidouro, em Macacu, onde faleceu a 19 de maio de 1847. O seu corpo foi transportado para a cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado.
Fazia parte do conselho do imperador, de quem se mostrou amigo; era comendador da ordem de Cristo e dignitário da ordem do Cruzeiro.
Distinguiu-se como orador fluente, jornalista de combate e principal inspirador de todas as grandes manifestações populares, tendentes à proclamação da independência do Brasil.

SUMÁRIO PARA UM ESTUDO COMPLETO

Investigações sobre a formação do espírito — Análise do grau da sua cultura — Pesquisas sobre a formação do caráter — A psicologia dos agitadores — Como se desperta o delírio das multidões
— Os condutores de homens — Ação jornalística — O representante do povo nos comícios e assembléias — Como insinuava as representações — A autoria do manifesto do príncipe regente — Na Assembléia Geral — Os seus discursos e pareceres — Na Assembléia Provincial — Por que não foi escolhido para o Senado — Causas dos seus desgostos — O declínio dos agitadores e propagandistas após a conquista dos seus ideais.

Gonçalves Ledo

11/08/1781, Rio de Janeiro (RJ)
19/05/1847, Fazenda do Sumidouro, município de Macacu (RJ)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
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Com apenas 14 anos Joaquim Gonçalves Ledo partiu para estudar em Coimbra, Portugal. Retornou ao Brasil em 1808, devido à morte de seu pai. Liberal e dotado de forte patriotismo, Ledo havia sido iniciado na maçonaria.

Embora a independência fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia muitas divergências entre eles. O "partido brasileiro", apoiado pela aristocracia rural do sudeste, queria a criação de uma monarquia dual, para preservar a autonomia administrativa e a liberdade de comércio. Os liberais radicais, comandados por Gonçalves Ledo, contavam com as camadas populares urbanas e buscavam não apenas a independência, mas também a democratização da sociedade brasileira.

Em 9 de dezembro de 1821, as Cortes de Lisboa ordenavam o imediato retorno de dom Pedro a Portugal. A decisão do príncipe de permanecer no Brasil, no Dia do Fico (9 de janeiro de 1822), foi produto de um amplo movimento, no qual se destacou José Bonifácio, nomeado ministro do Reino e dos Estrangeiros por dom Pedro.

Para resistir às ameaças de recolonização, foi decretada, em 16 de fevereiro de 1822, a convocação de um Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil. Nele, Gonçalves Ledo propôs a convocação de uma Assembléia Constituinte eleita pelo povo.

Em maio de 1822, dom Pedro determinou que qualquer decreto das Cortes de Lisboa só poderia ser executado no Brasil mediante o "Cumpra-se" assinado por ele. Enquanto isso, Gonçalves Ledo e outros pedem ao príncipe regente a convocação de uma Assembléia Constituinte. O príncipe acatou a sugestão e decretou a sua convocação em junho de 1822.

José Bonifácio foi obrigado a aceitá-la, mas propôs a eleição indireta, que acabou prevalecendo contra a vontade dos liberais radicais, que defendiam a eleição direta dos constituintes. Em 7 de setembro de 1822, dom Pedro rompeu definitivamente com Portugal e em 1 ° de dezembro do mesmo ano tornou-se o primeiro imperador do Brasil.

Em 1835, Ledo consta entre os Deputados da Assembléia Provincial do Rio de Janeiro, mas neste mesmo ano abandona a política e a Maçonaria, indo recolher-se em sua fazenda, a Sumidouro, no município de Macacu, vindo a falecer, com 66 anos de idade, aos 19 de maio de 1847, de ataque cardíaco.

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